Do outro lado
do outro lado uma torre de pedra e ferro
vertical e branca
quanto mais alta a torre mais fundo e crescente e escuro o poço
que a construção esquadria
numa viagem entre coisas visíveis e invisíveis
suspensa do nada
uma superfície espelhada e transparente e oscilante
revela e funde os dois sentidos
ao murmúrio da brisa que a povoa
do sussurro da estação
in a ver
Fundação Calouste Gulbenkian
Lisboa, 2002, p. 73