Carlos Nogueira- pequenos troços
por MANUEL GRAÇA DIAS
Ele fala e elege e titula de memórias formas.
Para ele azul, ou diedro, ou mar, ou monte, completam muitos pequenos troços de uma enorme superfície algures iniciada.
Lascaux: um homem tenta aperfeiçoar um pedaço de pedra.
Holanda, 1921: 7 quadriláteros aquietam-se.
Séc. XVIII, Portugal: acabada de construir a vertente Norte do Douro.
Numa praia à qual se chegava por uma destroçada escada a pique, ultrapassadas herméticas pistas de manhã, fizemos, numa quietude morna alentejana, uma cidade comprida com, pelo menos, dois bairros diferentes.
Lembro-me que C.N. se ocupou do fecho Nordeste do jogo , criando um palácio de sovietes, triangulado e abstracto, num topo de rua. Só no fim do mês, no intervalo das férias, se revelaram alguns slides da cidade de areia.
Há muito tempo que nada lá haverá que nos lembre esta passagem; só uma casa funda onde, numa cave muito quente, pintava, breve, brinquedos.
Vi um lustre embrulhado em panos brancos e dois homens enlaçados.
Era um corredor de penumbra, em África, dentro da construção que deixáramos ao mar.
Dezembro de 1986